Não podendo permanecer inerte aos últimos acontecimentos do nosso país (nomeadamente o assunto que todos falam, o triplo homicídio de Torres Vedras), nem aos comentários que emergem destes mesmos acontecimentos, tenho reparado na crueldade e frieza das pessoas, não só do assassíno (como é obvio), mas também das populações indignadas (que não deixam de estar no seu direito) que saiem para ofender, insultar e até agredir os arguídos, e além disso proferir frases como esta que me chocou particularmente: "pessoas destas era atirá-las ao mar logo"...
E muito provavelmente estas pessoas vão todos os domingos à missa e estão muito convencidas que estão a ter a atitude correcta...
Ora vamos pensar logicamente. Se eu vejo as atitudes do meu próximo e não concordo com elas, vou fazer exactamente o mesmo acto que tanto condenei? Vou estar também eu a ter uma atitude condenável, não...? Ah, mas há uma coisa, aquele individuo magoou alguém e portanto merece sofrer... Não estaremos assim a ser piores que o próprio assassino? Pior sofrimento que ficar 20 anos preso? Alias, será essa a melhor forma de lidar com a situação? Excluir ou tratar e reabilitar?
A frieza não se resolve com mais frieza, desprezo e exclusão. Por alguma coisa, uma boa parte dos presos quando sai da cadeia volta a cometer os mesmos crimes. É sinal que não foi tratada a raiz do problema, e que realmente excluir não resolve nada...
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