1 de setembro de 2010

“Ambiente: de ameaça a oportunidade”

“Da Costa Rica, país centro- americano onde estive recentemente a orientar um seminário sobre Desenvolvimento Sustentável, pouco mais conhecemos, na maioria dos casos, do que o nome que vemos nos rótulos das bananas e ananases do supermercado. É um exportador de produtos agrícolas, facilmente enquadrável no estereótipo dos países da zona, certamente pobre e atrasado, possivelmente corrupto e violento, um daqueles sítios em que a vida pouco vale e as ditaduras se sucedem regularmente.

Ficarão talvez surpresos se vos disser que o país em causa tem um sólido sistema de serviços sociais, que é raro ver alguém pedir na rua, que os 76 anos de esperança de vida são dos mais elevados do continente e que o nível de criminalidade é comparável ao nosso. Não tem Forças Armadas (acham que não faz falta) e é a democracia consolidada mais antiga de toda a América Latina. Alem disso, os produtos tropicais deixaram, há mais de duas décadas, de ser a espinha dorsal da economia.

Na sequência da derrocada dos preços do café, nos anos 70, a Costa Rica apostou a fundo, de forma visionária, no turismo de ambiente, de que é, provavelmente, o líder mundial. Mais de um terço do território nacional está presentemente enquadrado em Parques ou Reservas e os quase 2 milhões de turistas que visitam anualmente o país vão lá justamente para isso, para desfrutar da natureza e da biodiversidade, e não apenas para o sol-e-praia do costume. Claro, pagam bem, porque sol e praia há em muitos sítios (em Portugal, por exemplo…), mas quetzais, jaguares ou tartarugas são raros.

A que propósito vem esta estória? Bem, porque a Costa Rica fez há certo tempo, como país, o que algumas das mais inovadoras empresas mundiais só agora estão a fazer: leu de modo clarividente e pela positivas os desafios do nosso tempo, percebendo que há um modelo de desenvolvimento em vias de esgotamento e que precisamos de reinventar o futuro. É a chamada Economia Verde, um dos mais promissores caminhos para a saída de crise. (…)”

Luís Paulo (director de ESD/Qualidade e Sustentabilidade, CTT) para a revista Aposta, CTT, Abril 2010

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